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Transcrição Automática EP 100 PDV

Falante 1 00:00:05

Olá, eu sou Adriano Sambugaro e aqui comigo o Gustavo Carrer. E este é o episódio número 100 do PDV. Dá pra acreditar? A gente começou esse podcast em setembro de 2020. Lá se vão quase três anos. O PDV nasceu para compartilhar as tendências, tecnologias e ideias que movem o varejo.

Falante 1 00:00:25

Um setor apaixonante e que não para de crescer. A verdade é que o varejo muda toda a hora. E por isso os nossos convidados são sempre profissionais experientes que trazem informações e muitas dicas para ajudar você a matar o leão do dia. Na comemoração do centésimo episódio temos a honra de receber Luiz Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza.

Falante 1 00:00:47

São mais de 1 .400 lojas e 47 mil colaboradores em 18 estados. Não é exagero dizer que o nome Luiz Helena Trajano é sinônimo de varejo. Ela é uma das principais vozes do setor, acumulando premiações como empreendedora, empresária, mulher e líder.

Falante 1 00:01:07

Com a simpatia e simplicidade que são a marca registrada dela, nesse bate-papo Luizia dá uma aula sobre varejo. Fala sobre o novo perfil do cliente, a aposta na loja física, o papel do vendedor, a cultura que move o magalu e sucessão familiar.

Falante 1 00:01:22

Um assunto espinhoso para muitas empresas do varejo. Com a veia inovadora de quem criou a loja eletrônica mesmo antes da internet, dá um recado aos varejistas. Surpreenda, porque todo mundo está fazendo a mesma coisa. Pelo sexto ano consecutivo, Luiz Helena Trajano lidera o ranking Líderes Brasil, segundo pesquisa do monitor empresarial de reputação corporativa Merck.

Falante 1 00:01:50

Vale notar que dos dez primeiros da lista em 2022, somente duas mulheres. Luizia, ser a executiva de melhor reputação no Brasil, sem dúvidas, é o resultado de inúmeros fatores. Mas quais você destacaria na sua trajetória?

Falante 2 00:02:06

Eu acredito que seja por causa da minha forma de falar o que eu penso, de errar e aceitar que eu errei. Seja uma forma de eu lutar muito por propósito, apesar de ser uma empresa capitalista, de ter o propósito e o lucro no centro, desde que eu sou menina.

Falante 2 00:02:28

E eu acredito também por eu ser mulher ajudou, porque eu sou poucas mulheres nesse movimento, graças a Deus agora mais. Está aumentando. Então, eu acredito que ajudou pela minha postura. É uma postura muito verdadeira, que paga o preço, que sofre o meme, continua firme aí.

Falante 2 00:02:46

E sou muito definida do que eu penso pelo Brasil e quero ser protagonista do Brasil. Eu posso falhar em muita coisa, mas eu sou muito protagonista do país. Vocês viram que agora eu lutei pela queda de juros, me expus, uma

Falante 1 00:03:00

Das primeiras

Falante 2 00:03:01

Empresárias, empresários e empresárias a gritar nisso, porque eu acho que estava em um tempo que isso era possível. Eu acho que por tudo isso, pela forma como eu lido também com pessoas, damos muito tempo nas melhores empresas. Então, eu acho que por tudo isso que mistura.

Falante 2 00:03:19

Isso antes de falar de SG, agora então, eu estou mais na moda. E vocês que lidam com varejo sabem que até 15 anos atrás, nenhum aluno que saía das melhores faculdades, GV, USP, queria ser trainee de varejo.

Falante 2 00:03:37

Varejo era uma das últimas coisas que a pessoa queria trabalhar, era no varejo. Quando não dava certo em nada, ia ser vendedor. Então, assim, o varejo foi um desafio pra gente conseguir fazer o seu varejo ser olhado.

Falante 2 00:03:54

Aí nasceu o IDV, foi uma luta minha e de vários colegas nossos, concorrentes, não importa, que nos juntamos pra poder entender que o varejo era o maior, que a gente é o maior empregador do Brasil depois do governo. Então, mostrou isso.

Falante 2 00:04:11

Então, acho que foi por isso que eu fui eleita e é um prêmio que me aumenta muito minha responsabilidade, porque você falar de reputação não é uma coisa muito fácil, né? Você ser eleita de reputação pelos jornalistas, pelos colegas, pelos clientes.

Falante 2 00:04:30

Eu tenho recebido muitos prêmios, sou muito grata a todos eles, muita gratidão, mas esse aí é um prêmio que, pelo sexto ano seguido, como você falou, é a primeira mulher que é eleita em primeiro lugar, você imagina em seis anos seguidos, até pouco tempo ela não tinha mulher nessa lista.

Falante 2 00:04:50

Então, é uma responsabilidade até como mulher, pra que eu possa ter mais mulheres presentes, agora já teve mais, e mais mulheres ganhando o primeiro lugar também. Então, é muita responsabilidade.

Falante 1 00:05:03

E é uma exposição muito grande, né?

Falante 2 00:05:05

Ah, mas aí, me desculpe, mas quem resolve ser protagonista não tem jeito de não ser exposta, e aí você tem ônus e bônus em tudo que você faz, porque eu não vou atrás de um jornalista, de uma entrevista, de nada, mas eu também não posso negar em dar entrevista, em estar participando daquilo que eu defendo tanto.

Falante 2 00:05:26

Então, assim, eu nunca busco dar uma entrevista, eu nunca busco para fazer um podcast, nada disso, mas eu também não posso me frustrar de estar com as pessoas que estão lutando pela mesma causa que eu estou.

Falante 1 00:05:39

Sim. Luísa, você comentou agora na tua fala sobre a sua briga de redução de juros, e aí se você quiser comentar sobre isso, você sinta a vontade, mas essa redução, você acha que isso vai trazer uma melhora para o ambiente de negócio do varejo?

Falante 1 00:05:56

Como que você está enxergando isso?

Falante 2 00:05:57

Bom, não é primeiro para o varejo, isso parece que é só o varejo que sofre com juros altos, com corte de crédito, primeiro não é só o varejo, tá? O varejo é o primeiro que sofre e faz a cadeia. Então, assim, vamos falar bem claro que quando coloca coroa, vem que é o varejo.

Falante 2 00:06:16

Não, se o varejo não vende, o tijolo não tem a construção, não vai ter gente para trabalhar na construção. Se ele não vende a geladeira, se ele não vende a roupa, ele também não tem quem fabrica. Então, é muito importante falar que o varejo é o primeiro que sente, mas é uma cadeia toda que sente.

Falante 2 00:06:35

Então, primeiro quer dizer que não é varejo, é geral. Porque duas coisas movem um país em desenvolvimento como o nosso, crédito e renda. A nossa renda só pode vir do emprego e quando tem juros altos, o que acontece?

Falante 2 00:06:53

O emprego diminui e o crédito vai lá embaixo, os bancos trancam o crédito, vai lá embaixo. Então, os dois pilares que sustentam o desenvolvimento de um país, que começa pelo varejo, a recessão, mas ela afeta a indústria.

Falante 2 00:07:09

Esses dias uma pessoa, meu amigo, chegou aqui e falou que precisa tomar cuidado com o déficit público, que é um discurso que tem aí, que eu também concordo. Agora, o que forma, em uma palavra bem simples, o déficit público?

Falante 2 00:07:25

A receita é despesa. Se você diminuir a gaveta de receita, porque aí eu perguntei, quantos mil produtos você tem parados que você não está vendendo? Dez mil. Eu falei, que déficit público é esse? Então, agora, eu concordo que não tinha que ser tomada uma medida para acertar a inflação, para tudo mais.

Falante 2 00:07:45

Mas, desde mais do que nós estamos trabalhando, que já poderia ter dado um sinal. Agora, respondendo a sua pergunta, só de dar um sinal, já melhora

Falante 3 00:07:54

O ambiente de negócio.

Falante 2 00:07:56

Agora, abaixar 0 ,5 % foi bom, mas até o fim do ano tem que aumentar até um pouco mais, se não tiver nenhum problema global, internacional, que eu vou saber, como eu não falei nada até março, abril, mas desde março, abril, que era para ter começado a mandar medida, porque eu vi, e o pessoal achou até que é por causa do Magalu.

Falante 2 00:08:18

Lógico que eu defendo o Magalu, mas o Magalu, ele estava com dívida a longo prazo, e pela primeira vez, nós estávamos bem capitalizados, porque a família vendeu antes uma porcentagem, nós estamos na Bolsa, é só olhar, nosso balanço está na Bolsa, e nós estamos capitalizados agora.

Falante 2 00:08:37

Eu sou uma defensora, desde 1986, da micro, pequena e média empresa, eles que geram emprego. Eu posso gerar 35 mil, 40 mil de emprego, mas quem gera emprego no mundo é a micro e pequena empresa, na Europa é PPP, peso e primeiro na pequena.

Falante 2 00:08:54

Então, independente desse movimento, da pandemia ter trazido muito empreendedor no Brasil, e o Brasil tem um espeto e empreendedorismo muito grande, eu lutei muito por ela desde… Na pandemia eu dei 600 likes para a micro e pequena empresa para levar as medidas que o governo tomou, e tomou rápido, só que as pessoas não entendiam, era uma lei que mexia com aviso prévio, mexia com fundo de garantia, mexia com muita coisa, eu coloquei o DEPARA, então, as medidas foram tomadas rápidas, tem que se falar isso, mas as pessoas não entendiam, então eu criei o DEPARA junto

Falante 2 00:09:34

com a minha equipe aqui, como é o fundo de garantia até agora, como é que vai funcionar, como é que funciona isso, para que o varejista, ele tem uma linguagem muito mais, não é simplista, eu quero deixar isso bem claro, mas é mais simples, está na moda, pós-pandemia, você falar mais simples, você ir na ponta, você interagir, então é isso.

Falante 1 00:09:56

Escutar a ponta, legal. Luiza, um dos principais pilares por detrás dessa história de sucesso talvez seja a gestão de pessoas, e não é à toa que pelo terceiro ano a Magalu também foi apontada pela GPTW como a melhor empresa do varejo para trabalhar no Brasil.

Falante 1 00:10:13

E aí como virar essa chave? Onde que a mão de obra é considerada um dos principais desafios do varejo? Como é que você passa a ser um diferencial?

Falante 2 00:10:21

Quando eu, 91, 92, quando a gente criou a loja eletrônica, que era uma coisa muito fora da época, o Magazine Luiza traz para a sua cidade a loja do ano 2000, não tinha Facebook, não tinha uma internet forte que tinha, a gente convocou jovens em cidade, não só jovens, pessoas em cidade pequena, como Igarapava, Batatais, Cássia, de 20 mil, 30 mil habitantes para selecionar para trabalhar.

Falante 2 00:10:50

Não era um número grande, porque essas lojas têm um terço das lojas normais, não tem produto exposto, eu resolvi, Adriana e Gustavo, e quem está nos ouvindo, e falar com o grupo até, porque era uma coisa muito nova, não ia ter produto, não ia ter nada, e eu perguntei para eles assim, qual o sonho que vocês queriam ter na vida?

Falante 2 00:11:11

O que vocês queriam ser? Médico, dentista, bombeiro, professor, arquiteto, enfermeiro, menos vendedor. Eu fiquei muito assustada, porque eu estava convocando gente para ser vendedora, eu sou uma vendedora que não tenho um pingo de coisa, eu sou de família vendedora, comerciante, eu falei, como é que eu vou conseguir fazer essas pessoas, quer dizer, estão aqui, porque não arrumam emprego em lugar nenhum, estão aqui, porque a vontade deles é estar em banco, ela está em uma construtora, está em qualquer coisa.

Falante 1 00:11:45

Qualquer outro lugar, menos vendendo.

Falante 2 00:11:48

Acho que eles nem perceberam, e aí eu fiquei com aquilo na cabeça, porque eu acho que é muito ruim, você não consegue fazer um plano de carreira e motivar a pessoa se ela não quer ser aquilo, para mim a primeira coisa é querer, e aí eu tive uma ideia que eu achei muito legal, durante 4, 5 anos, todos nós tiramos, na época era muito cartão, não era digital, igual hoje, apesar que eu fui dar uma palestra semana passada para o japonês, meus cartões acabaram, porque eles adoram os cartãozinhos, a gente entrega direitinho, e aí eu peguei e tirei todos os nossos cargos, meu de diretor,

Falante 2 00:12:28

todos nós passamos a ser vendedor, porque a minha vontade é dar status para esse cargo, porque você está sempre vendendo para a mulher, para os filhos, você está sempre passando a sua ideia, e a gente chama isso de vender. E realmente a gente começou a trabalhar muito as pessoas, porque eu tinha certeza que naquela década, e continua, o que ia valer era velocidade, qualidade e rentabilidade, três palavras que se você analisasse para a época, elas não combinavam muito entre si, você falava para uma pessoa assim, menina, especialmente em

Falante 2 00:13:08

Minas, faz devagar para você fazer bem feito, você tem uma idade que já deve ter escutado isso, então de repente ia ter que ter velocidade e qualidade, e qualidade nunca foi esse nome de rentabilidade, então essas três palavras eram muito difíceis de você conjugar.

Falante 2 00:13:28

Então, se eram essas três coisas, e se as três coisas até então eram muito crenças que nos limitavam, a qualidade não pode ter lucro, a velocidade não pode ter qualidade, eu resolvi investir muito na equipe, primeiro dizendo que eu cheguei onde eu cheguei, qualquer um chegava, por ser vendedora, valorizando esse papel, e depois com curso, treinamento, encontrões, muitos rituais, a gente até hoje tem muitos rituais, toda segunda-feira a gente chama um rito, a gente tem rituais de manhã, a gente tem uma TV Luiz

Falante 2 00:14:08

ao vivo, para que possa sustentar essa cultura de aproximação e de tudo mais. Agora, vamos falar pelo lado racional e técnico, como é que você vai ter qualidade se você não tiver uma equipe alinhada e comprometida que possa atender desde o saque até outro com uma cultura?

Falante 2 00:14:28

Como é que você pode? Como é que você pode crescer sem isso? Então, é meio impossível, não é, gente? Eu acho que é tão lógico isso para mim.

Falante 1 00:14:37

Sim, a gente conversa com bastante gente aqui, e isso é sempre um ponto que todo mundo levanta, Luiza, de o papel das pessoas, o quanto é importante a cultura da empresa, e o papel de chão de loja, não é? Falando aqui muito de loja física em si, do pessoal de chão de loja, de o gerente da loja se sentir dono da loja, vamos dizer assim, quase como se aquela fosse a empresa dele, o envolvimento que todos têm na empresa como um todo.

Falante 2 00:15:09

Eu até achava que era assim, eu vim de uma cultura de loja física, eu trabalhei 15, 20 anos na ponta da loja de Franca, então, assim, eu venho de uma cultura de loja física. Quando entrou a era digital, que começou os primeiros sites e tal, eu sempre tive uma aproximação muito grande com o cliente, e eu não tinha uma aproximação, eu não sabia como que era o cliente digital, virtual, e você pega muita crença que te limita.

Falante 2 00:15:41

Na época, eu estou falando, isso há 10 anos, cliente de virtual não gosta de telefone, ele não gosta de conversar, ele não quer saber nada disso. Então, quando ele me mandava um e-mail, na época não tinha nem WhatsApp ou um e-mail de reclamação, eu me limitava a responder, e os outros de loja física eu até pegava o telefone e ligava, até que um dia uma cliente bem simples de digital me mandou assim, Luísa, a Lu parou de mandar oferta para nós, a Lu não era nem tão famosa como ela é hoje, a nossa vendedora, e eu fiquei muito assim,

Falante 2 00:16:21

porque ela me manda, eu compro, compro, compro, será que essa senhora sabe que a Lu é uma vendedora virtual? Aí eu perguntei para ela, apesar de ela nascer para humanizar, eu posso gravar uma entrevista sua com a Lu? Ela falou, pode, e no meio da entrevista ela falou, eu sei que você não existe de verdade, mas você me manda oferta, que linda, eu compro, aí eu vi que o cliente é um só, seja digital ou no outro, ele quer ser bem atendido, ele não quer desculpa, ou seja um atendente, porque eles procuram você quando ele não recebe o produto no dia, ou quando o produto não foi o que ele queria, ou quando o entregador não entregou, toda a venda,

Falante 2 00:17:02

todo o digital tem um atendimento muito grande, e por mais que você põe inteligência, as pessoas não gostam, procura o número um, número dois, três, quatro, você vê que isso está acabando, a pessoa gosta do contato humano. Então você vê que não é só a venda física, a venda digital muda de forma de você abordar, mas o momento que você aborda, ela aborda.

Falante 2 00:17:29

Você sabe que o Magazine Luiza foi um dos poucos que começou físico, a nossa história é totalmente física, conseguiu digitalizar, e a gente continua acreditando em lojas físicas. Lógico que eu digo para todo mundo assim, ela muda de forma, ela não pode ser a mesma.

Falante 2 00:17:47

Um cliente lá do Belém, do Pará, compra na internet e vai na loja física em duas horas e retira o seu produto sem frete, porque a gente aproveita as mesmas coisas. Então, e na NRF, vocês conhecem bem? Já puseram a loja física, fizeram ela doente, internaram ela, puseram na UTI, sepultaram a loja física, e esse ano foi um show a loja física.

Falante 1 00:18:13

Voltou a loja física.

Falante 2 00:18:15

Então, ressuscitaram a loja física. Então, a gente sempre acreditou, mas eu digo assim, tem gente que está só no digital, nossos concorrentes maiores nasceram digitais, tudo bem, mas quem tem loja física tem que estar no digital, não tem como não estar.

Falante 2 00:18:31

Quando a gente entrou no Rio de Janeiro, a gente vendeu muito mais depois que a gente entrou no físico, porque o físico dá segurança, o físico dá encontro, o físico dá atenção.

Falante 1 00:18:43

Reforça a marca.

Falante 2 00:18:44

Foi muito mais.

Falante 1 00:18:45

Não sei se você concorda comigo, Luiza, mas eu digo que não importa qual é o canal, o que o cliente, na ponta, quer no final é atenção.

Falante 2 00:18:53

Ele quer atenção, ele quer atendimento, e hoje eu acho que a gente tem que buscar mais, surpreendê-lo, porque todo mundo está fazendo a mesma coisa. Como é que eu vou surpreender meu cliente? O que a gente surpreende muito é na hora da reclamação, porque ele não conseguiu, ele manda para mim.

Falante 2 00:19:12

Eu tenho meus canais totalmente abertos, LinkedIn, Instagram, e-mail, aberto para o cliente reclamar.

Falante 3 00:19:20

Eu sou de Tuverava, sou de pertinho de Franca. Eu vivi, nos anos 90, a experiência de comprar numa loja eletrônica. Eu assisti o VHS ainda, o vídeo.

Falante 3 00:19:37

Eu fui com a minha mãe, a gente comprou uma geladeira na loja eletrônica, e foi uma experiência muito diferente. Eu estou falando de uma época pré-internet. O Magalu criou o comércio eletrônico antes da internet.

Falante 3 00:19:55

Como que é trabalhar essa cultura da inovação dentro do Magalu? Porque também tem a ver com correr riscos, assumir riscos.

Falante 2 00:20:06

Gustavo, é impressionante. Eu venho de uma família em que inovação faz parte do cotidiano. É impressionante. A minha tia foi vendedora, muitos anos, numa loja em Franca, que é perto de Tuverava. Antigamente, não tinha shopping, não tinha nada.

Falante 2 00:20:23

As pessoas que tinham mais poder aquisitivo nas cidades médias, do tipo de Franca, Ribeirão, elas tinham uma loja no centro com vários setores. Na época, não tinha nem confecção, não tinha material para construção, não tinha TV ainda, tinha muita prata e cristal, tinha tecido.

Falante 2 00:20:43

E essa loja, que era a Casa de Dino, tinha até banco. E a minha tia entrou para vender no setor de presentes, cristais e tal, e ela se transformou em gerente daquele setor. E depois ela casou, foi ser representante comercial com o meu tio, e o sonho dela era voltar para Franca para montar uma lojinha para gerar emprego para a família.

Falante 2 00:21:06

Eu já vivi uma situação melhor, a minha tia… Eu sou filha única, minha tia também não teve filhos. O Luíza do Magazine é por causa dela, e o Luíza meu que é por causa dela também. Então, o que aconteceu? Para você ver, Gustavo, como a gente é fora de caixa.

Falante 2 00:21:23

Aí ela comprou uma loja que chamava Cristaleira, em frente à loja que ela trabalhou, pequenininha, vendia cristais. E para você ver como eu venho de uma família, ela só tinha o dinheiro para pagar a primeira prestação, e depois ela tinha que trabalhar.

Falante 2 00:21:39

Ela fez um concurso na rádio, a única rádio, para que o público pudesse escolher o nome. Então, você vê isso. Fazer isso, 67 anos atrás, é de uma família correndo risco do pessoal. Ela dava, na época, um colchão para as pessoas, e o público escolheu Magazine Luíza.

Falante 2 00:21:57

E aí acabou

Falante 3 00:21:58

Envolvendo todo mundo, compromisso com… Todo mundo ficou comprometido com aquilo.

Falante 2 00:22:02

E já fez o marketing. Então, eu quero dizer que eu venho de uma família. Agora, eu sou muito fora da caixa mesmo. E quando eu falei que eu ia criar uma loja eletrônica, o Magazine Luíza traz para a sociedade. Nem podia chamar virtual, tinha que chamar eletrônica.

Falante 2 00:22:21

Ninguém sabia que a Magazine Luíza, lá em Ituberaba, foi loja eletrônica Luíza. Chamava loja… Aí eu falava, qual o risco que a gente corria? Só um. Porque o investimento era baixo, a gente começou de poucas lojas. O risco que a gente corria era das pessoas chegarem na loja e falarem, vocês têm uma loja tão grande e trouxeram essa loja pequenininha para Ituberaba ou para Igarapava, ou para os lugares que a gente está aí.

Falante 2 00:22:50

Então, o que a gente fez? A gente criou um marketing educativo. A gente falava para as crianças, o Magazine Luíza escola traz a loja do ano 2000, ela é moderna, e também envolveu uma comunidade, você lembra, Gustavo?

Falante 2 00:23:05

E dá cursos. A comunidade era envolvida, então tinha tráfego. Era o único risco. Agora, eu concordo que os 4, 5 primeiros anos não foram fáceis. Porque hoje é duas vezes que eis em Harvard, ou três vezes já. É uma das coisas mais inovadoras no varejo que teve, porque ninguém falava isso.

Falante 2 00:23:26

O Gustavo lembrou bem, ela tinha TV e vídeo. Aí a gente testava, Gustavo, lá na nossa agência, põe voz. Não, não vamos tirar o calor humano. No número 10 do vídeo, está a geladeira. Depois, isso nos trouxe a multimídia, nos trouxe…

Falante 2 00:23:45

Você vê que o calor humano, através do vendedor, ele mantinha, para que a gente não perdesse o calor humano.

Falante 3 00:23:51

Luísa, a gente tem um monte de perguntas, mas a gente vai procurar ser mais conciso aqui. Nós temos pelo menos duas perguntas que a gente tem que fazer. Uma delas diz respeito à sucessão. A gente sabe, grande parte da nossa audiência são varejistas pequenos e médios, e que vão passar por isso ou já estão passando por isso.

Falante 3 00:24:13

E a gente observa o Frederico à frente. Enfim, a gente observa a história de vocês e observa com bastante respeito, com bastante admiração. Como foi preparar essa sucessão? Foi natural? Como que foi?

Falante 3 00:24:29

Porque o Frederico não é o único filho. Diferente de você. Como que foi esse movimento na sua história?

Falante 2 00:24:36

Bom, ninguém acredita, Gustavo, mas eu tenho três filhos. O Wagner, meu primo, também tem três, que é sócio da empresa, que, infelizmente, já faleceu. E meu tio tinha três também. Então, são três sócios da minha tia, quando ela não estava muito na ativa mais.

Falante 2 00:24:55

E ninguém acredita, nós nunca criamos um filho para ser presidente nem trabalhar no Magazine Luiza. A gente criou para ter uma responsabilidade. Eu nunca falei para o Frederico que seja presidente de algum lugar ou venha trabalhar aqui, em primeiro lugar. Eu acho que assim, ele entrou muito novinho na GV, ficou dez anos trabalhando fora, quando ele voltou para…

Falante 2 00:25:17

Que ele quis ir, ele morava em São Paulo, a gente ainda estava em Franca, ele veio para montar o site, porque ele já trabalhava em empresa de tecnologia, ele incentivou, ele lutou muito para não separar, porque naquela época eu já tinha 20, 30 lojas eletrônicas, todo mundo queria entrar para poder separar a loja eletrônica e fazer um negócio à parte.

Falante 2 00:25:38

A gente já viu que não era, e aí então, que ele não queria isso, ele veio, não foi ser presidente de cara, levou sete anos para ser, quem me substituiu foi o Marcelo. O que eu tenho que dizer para as pessoas é o seguinte, não tem receita, sucessão é uma coisa difícil.

Falante 2 00:25:56

Agora, os pais não podem colocar na cabeça dos filhos que eles vão ter que ser aquilo, nem projetar, porque o que eles têm que ser é bom dono amanhã. Se eles não forem trabalhar, que sejam bons donos, que saibam ser donos. Separam o executivo, porque tem filho que não nasceu para ser um executivo, e aí o pai projeta, põe muito novo trabalhar, já dá um cargo de diretor, sem querer, não estou falando mal.

Falante 2 00:26:23

Então, o que eu digo para as pequenas, tenha acordo entre vocês, tenha acordo escrito, não precisa ter, por exemplo, aqui desde 70 não pode trabalhar acregado, meu marido nunca pôde trabalhar aqui, não quer dizer que está certo, o que eu quero dizer é assim, mas nós tínhamos um acordo escrito, então, não tinha problema, porque já estava resolvido.

Falante 2 00:26:45

Quando você é pequeno, é muito mais fácil você fazer acordos societários, deixa escrito, deixa registrado algum acordo. Nós temos um acordo que ninguém tira dinheiro da companhia, a não ser seu salário, ou participação nos lucros no fim do ano, não faça dívida pensando na empresa, que isso não acontece, era escrito isso.

Falante 2 00:27:04

Então, a gente tinha, desde pequeno, nós tínhamos muito acordo. E eu nunca projetei, minhas duas filhas não quiseram, o Wagner só tem um filho trabalhando aqui e o tio Novo não tem nenhum. Então, já teve alguns, não quis ficar, mas são donos, vão para um conselho de família e sabem atuar.

Falante 2 00:27:23

Se a empresa está com dificuldade, a primeira que tem que olhar é a empresa, não adianta, não fica olhando se a ação subiu ou desceu e fazendo um negócio, não, sabe que a empresa tem que permanecer, porque foram criados assim. E outra coisa, se você não passar, a gente tem muito medo de passar, se você não passar, você realmente não vai conseguir crescer, se você não tiver tudo na sua mão, centralizado, tudo na sua mão.

Falante 2 00:27:49

Eu gosto muito de um termo que chama liberdade acompanhada, você acompanha, vai dar liberdade para as pessoas atuarem. É isso, mais ou menos, Gustavo.

Falante 3 00:27:58

Muito bom, obrigada.

Falante 1 00:28:00

Luísa, para a gente finalizar o nosso podcast, o PDV, tem uma perguntinha tradicional que a gente faz, que é o que o varejo ensinou a Luísa Helena Trajano?

Falante 2 00:28:11

Eu costumo dizer, Adriano, que o varejo me ensinou a principal coisa que está na moda hoje, chama empatia. O que é empatia? É você trocar de papel no mundo do outro, não é no seu mundo. Então eu fui vendedora há muito tempo, gente, eu fiz faculdade e tudo, mas eu falo que a minha grande escola foi no varejo.

Falante 2 00:28:31

Chegava um cliente, Gustavo sabe que Franca é uma cidade operária, na minha época, mais ainda, indústria de sapato muito forte. Ele chegava lá, começou a ter a televisão colorida, televisão para vender em maior quantidade. Ele chegava lá, ele não sabia qual TV ele queria, que jeito que ele podia pagar, como que era o tamanho e nem que jeito que era a TV.

Falante 2 00:28:54

Se eu não me colocasse no lugar daquele ou daquela operária, que fosse quantos filhos ele tinha, que jeito que é, quanto ele podia pagar, eu não conseguiria fazer uma venda bem feita. Então eu aprendi a trocar de papel. Quando eu estou sentada aqui com vocês, dez minutos antes, eu recebo quem que eu vou falar.

Falante 2 00:29:12

E aí eu faço umas perguntinhas, eu me coloco no lugar de vocês. Você vê que eu perguntei algumas coisas, outras, aliás, eu nem gosto muito de ver as perguntas. Eu não fico estudando perguntas, nem eu gosto muito de falar aquilo que eu faço.

Falante 2 00:29:28

A espontaneidade, porque pós-Covid, ninguém aguenta aquelas coisas prontinhas, de coisa. Mudou muito a comunicação. E comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende. Então, assim, eu aprendi empatia. Empatia é trocar de papel com o outro no mundo do outro.

Falante 2 00:29:47

Seja com filho, seja com esposa, seja com marido, seja com quem for. E está tão na moda isso, empatia, eu tive empatia, eu tive empatia. Então vamos ver. Empatia é quando você se coloca no lugar do outro. Mesmo com o mundo do outro, com as dificuldades do outro e com as coisas do outro.

Falante 1 00:30:06

Luisa, o teu tempo, eu sei que é curto aqui, eu só queria agradecer.

Falante 2 00:30:10

Um beijo pra vocês, obrigado, sucesso, parabéns aí.

Falante 1 00:30:30

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