Gente, a impressão minha é essa loja do oxo brota do nada. Cara, a gente fecha o olho e vira oxo. Morre o risco da gente trabalhar e quando voltar a casa virou um Oxxo.
Vocês estão sabendo da nova feita empresinha que tá rolando aí fora? Chama-se Oxxo.
Se você mora em São Paulo, provavelmente também notou que nos últimos tempos a rede Oxxo se espalhou num ritmo acelerado pelos bairros da cidade.Fenômeno no mercado de proximidade, a varejista mexicana chegou ao país no final de 2020, seguindo o modelo enxuto. São pequenas lojas que oferecem food service e produtos essenciais. No Brasil, a operação que deve chegar a outras regiões é comandada pelo Grupo Nós, responsável pelas marcas Oxxo e Shell Select.
A expansão crescente e o nome em comum viraram meme nas mídias sociais. E pra explicar a pronúncia correta, a gente usou as próprias fachadas das lojas e vídeos bem humorados na internet. Eu sou Adriano Sambugaro, e neste episódio a gente quer saber qual é o papel da tecnologia no processo de expansão do Oxxo.Afinal, em apenas 3 anos desde que desembarcou por aqui, já são mais de 350 lojas próprias. Pra entender a tecnologia que move a Oxxo, juntamente com a Fernanda Vasconcelos, eu vou receber a Keila Pereira, gerente de sistemas do Grupo Nós.
Bora lá pra conversa? Keila, eu não posso começar nosso bate-papo por outro assunto. Primeiro, a pronúncia correta é O quis sô ? É isso mesmo? É isso mesmo, é o quis sô. Boa. E segundo, conta um pouco pra gente sobre essa rede que tá mexendo com o mercado, já virou meme nas redes sociais, praticamente uma febre aqui em São Paulo.A gente fala, pô, tem uma loja a cada esquina. Você tá andando pelo lado, opa, de repente apareceu uma loja lá que não tinha antes. Quantas lojas já foram inauguradas e qual que é a estratégia por trás dessa expansão tão acelerada?
Primeiro, eu queria dar um passinho pra trás e falar pra você de onde vem a Oxxo, na verdade. A Oxxo, dentro do Brasil, ela pertence ao grupo NOS, que é uma joint venture, e dentro dessa joint venture tem duas grandes marcas, uma dos mercados Oxxo e tem as lojas de conveniência, que são da Shell Select.Então tem essas duas frentes. É uma joint venture formada pela FENSA, então a FENSA trouxe pro Brasil a marca Oxxo e pela Raízen em que acabou entrando com as lojas Shell Select, que já são bem grandes, principalmente na frente de franquias no Brasil inteiro. E a Oxxo é um mercado mexicano, começou no México em 1977, também quando você vai no México, você já teve oportunidade de ir no México, eu ainda não tive a oportunidade de conhecer o mercado Oxxo no México, mas dentro do México é como tá o Brasil, você tropeça e cada esquina tem o mercado Oxxo, então é um pouquinho da proposta de valor da empresa.
Aqui no Brasil, hoje, a gente tem mais de 350 lojas, então a gente já bateu o marco aí em 3 anos, com quase 3 anos de vida, um pouco menos de 3 anos de vida, a gente já bateu o marco de mais de 350 lojas só da bandeira Oxxo, fora a bandeira Shell Select, e estamos crescendo bastante, e acho que um pouquinho dessa proposta, da proposta de valor de ter esse mercado perto mesmo, converge ali com o propósito da companhia, que é aproximar e facilitar para uma vida melhor, então cada vez mais ela está mais perto do seu cliente de fato, então por isso que a gente acaba vendo bastante Oxxo aí, mercado Oxxo espalhado aí no momento por São Paulo.
Aproveitando, às vezes eu converso com umas pessoas, falam assim, ah não, no México tem 17 mil lojas, tem 14 mil, outras tem 23 mil, você tem aí um número de quantas Oxxo tem no México?
De cabeça não sei o número exato, mas tem assim uma quantidade bem grande mesmo de fato, em torno aí de 19 mil mais ou menos, não sei o número exato, além do México também tem no Chile, tem na Colômbia e tem no Peru.
E a intenção da Oxxo é espalhar para o Brasil inteiro ou ficar bem regionalizado aqui no Sudeste, enfim?
É, entendo que a estratégia da empresa sim, a gente tem uma projeção de expansão, que não é uma meta segreda né, que tem uma estratégia de expansão, mas de fato a gente tem uma meta aí agressiva de expansão aí pelo Brasil em si.
Legal. Keila, 350 lojas em 3 anos, é praticamente mais de 100 lojas por ano, é impressionante realmente né? Você é gerente de sistemas do grupo, você pode falar um pouco sobre o papel da tecnologia nesse processo? Imagino que deve ser uma loucura esse monte de inauguração.
Sim, eu acho que assim, a gente começa um pouquinho antes da inauguração da primeira loja, os papéis de tecnologia, porque assim, a tecnologia em si, ela é base né, a tecnologia é uma alicerce do todo. Então, acho que o nosso papel, ela começa na definição de fato da estratégia da empresa como expansão né.Comecei aqui, brinco quando tudo era mato né, que a gente começou a definir quais eram as estratégias, de fato quais eram os sistemas, qual arquitetura que a gente ia utilizar para ter uma alicerce ali, para fazer essa expansão como um todo. Então, a gente define a tecnologia ali como um papel de fato estratégico, entender quais são as principais ferramentas, aonde a gente quer chegar, como a gente vai expandir ali por ano né, como que a gente vai fazer essa base aí para a gente fazer.
Eu brinco que depois que o alicerce está pronto, ficou um pouco mais fácil, essa estrutura é quase uma copa e cola, não tão fácil assim né, mas para a gente começar a fazer de fato essa projeção. E o recurso tecnológico é tudo né, porque quando você chega lá na conta né, de uma loja pronta, você vai lá comprar sua mercadoria, a gente vê a nossa mercadoria e tem um cuponzinho fiscal né, mas a gente esquece tudo que está por trás daquilo né, quais são as conexões que estão ali dentro e o que a gente propicia de fato para a gente conseguir gerar esse item lá disponível no momento, na hora que de fato o nosso cliente precisa.
E vocês têm algumas premissas, algum guia para poder fazer esse trabalho e como é que funciona?
Acho que assim, a primeira meta que eu sempre falo quando a gente vai definir tecnologia é saber onde a gente quer chegar, independente do grau, do tamanho da empresa, onde você quer chegar ao longo dos tempos, você vai querer expandir loja física, você vai querer expandir de fato um e-commerce e a nossa estratégia aqui é um pouco mais focada na loja física, a gente até inaugurou em dezembro do ano passado o nosso e-commerce né, também focados aí nos principais aplicativos, no iFood, no Rappi, mas o foco maior da empresa hoje é a expansão de loja física e para isso a gente precisa olhar tecnologicamente o que a gente precisa né, então assim, a gente precisa, quando a gente fala do varejo em si, a gente precisa garantir o abastecimento de lojas, ou seja, a mercadoria está lá na ponta, a gente precisa de um PDV operando ali e pensar também no futuro, fazer as principais conexões, por exemplo, de um próprio e-commerce, que a gente vai precisar de um PDV, de uma estruturação de um retiro e loja, por exemplo. Então acho que a base de definição de quais foram, por exemplo, o RP, qual foi a base estratégica do que a gente de fato queria ali, foi de acordo com a estratégia de expansão.
Então a gente definiu a base de todos os sistemas para qualquer varejo né, o Fê, a gente precisa entender o que de fato a gente precisa ali, principalmente para a parte de mercadoria, que é o que chega na ponta da loja, né, então preciso definir meu RP para saber, entender qual é o estoque, quais são os itens que giram principalmente, começar a olhar para a base de dados para entender quem são meus clientes, quais são os produtos que giram mais também e o que eu vou ofertar de fato, então acho que a base da tecnologia ela gira muito em torno ali do negócio, de onde a gente quer chegar e óbvio, a gente precisa olhar um pouquinho para trás, porque depende muito do ponto do varejista, de qual varejista e qual budget você tem por trás, qual capacidade você também tem ali para você fazer um processo de expansão, ou muito agressivo, como a gente tem feito, ou um processo de expansão um pouquinho mais restrito.
Até muitos me perguntam, ah, qual o melhor sistema para a gente conseguir fazer uma expansão, ou então para eu conectar um varejo, e a minha resposta é muito simples, não existe sistema ruim, tem sistemas adequados a estratégia de cada empresa, então acho que toda vez que você vai definir alguns sistemas, a primeira coisa que você precisa definir é onde você quer chegar, entender toda a sua capacidade ali, fazer uma análise do que você tem para você conseguir de fato definir quais são os sistemas, o que você vai conectar de fato para você conseguir entregar o principal, que é o teu serviço, teu produto para o teu cliente final.
Legal, o Keyla, qual que é a tua estrutura hoje de TI aí, conta um pouco do departamento, a quantidade de pessoas que você tem, enfim.
Então, hoje a gente tem um time, é bem misto, porque quando a gente fala um pouquinho de empresas, a gente sempre tem um time que é a estrutura, que é a base CLT, que fica aqui um pouquinho no escritório, e tem a base PJ, porque assim, para a gente conseguir um grau de expansão muito rápido, a gente não consegue pegar tudo no capaço e estruturar aqui muito rápido.E a gente fala que é uma família, porque independente se é CLT, se é PJ, tem todo mundo aqui dentro. E a gente tem um time bem amplo, principalmente quando a gente fala de PJ, e tem muitas empresas que a gente acaba incorporando, para a gente conseguir de fato fazer as entregáveis, fazer as implantações, fazer os desenvolvimentos devidos, fazer implantações de projetos.Então, quando você fala assim, quem é seu time? Nossa, é muito amplo, mas em geral, hoje a TI está dividida em três gerências aqui, de sistemas, de infraestrutura e de projetos, e cada frente é baseada, ou seja, uma quantidade de pessoas de fato CLT, que a gente incorporou aqui, e o time, que é PJ, que é a maior parte até para dar o suporte a todo esse processo de expansão.
Após a entrega da loja, imagina, você contou um pouco da estrutura que você faz antes, mas depois que vocês entregam, o time de TI continua acompanhando? Como é que é isso para garantir que a loja está seguindo ali o que foi planejado, até em termos de eficiência?
Super, né? A gente tem um time aqui que trabalha na parte da sustentação da loja, porque a loja não pode parar de operar, né? Então, o cartão, o nosso cliente, principalmente hoje em dia, que todo mundo pagou com PIX, com cartão, ninguém tem mais dinheiro, né? É muito difícil. Então, a gente precisa garantir, de fato, que o PDB está funcionando, que o link está funcionando, que o preço chegou na ponta da loja, né?Então, a gente tem toda essa estruturação para garantir, de fato, que a loja consiga receber o seu fornecedor, dar a entrada na nota fiscal para vender aquele item, entender todo o processo ali, que a gente chama de time de suporte, que ele tenha essa conexão muito mais próxima da loja, para manter aquela operação circulando, porque sempre são duas frentes, né, Fê.
Quem olha para frente, ou seja, quem vai continuar olhando o crescimento, maturando aquele processo de loja, proporcionando novas tecnologias, proporcionando melhorias de processos ali dentro da loja, ou seja, a parte de conexão para frente ali de tecnologia, e para o hoje, para o agora, porque a gente precisa manter a base ali funcionando, né? A gente precisa manter nossos clientes sendo atendidos, conseguindo comprar ali de forma bem efetiva. Então, a gente tem essas duas frentes. Sim, isso tem a ver até com a próxima pergunta que eu queria fazer. A gente trabalha com implantação de tecnologia, né? E para a gente, assim, na nossa opinião, parece bem nítido que o TI, o pessoal que é responsável por TI nas lojas, tem tornado mais protagonista, assumido um protagonismo maior.
Você acha que isso é uma tendência, realmente? Você concorda com isso? E você acha que cabe ao TI essa busca por ferramentas para melhorar essa eficiência, para melhorar sempre os indicadores?
Hoje, eu não acho que ainda está 100%, mas eu vejo que cada dia mais o mercado, ele está buscando profissionais de TI que entendam o negócio. Então, a pessoa de TI precisa estar muito conectada. Eu sou uma pessoa que vende negócios, eu vim no varejo, minha carreira foi sempre no varejo, e vim das áreas de negócios, não passei por algumas áreas de negócios, que eu acho que me deram essa bagagem para conseguir entrar dentro de tecnologia.
Então, hoje eu me considero, bom, eu tenho uma visão diferenciada por conseguir entender a dor do negócio, que a gente fala sempre de dor, né? Então, consigo me colocar lá, né? A famosa empatia, me colocar num lugar do outro, me colocar do lado do cliente, mas também consigo me colocar do lado do TI, porque também não é fácil, né? A gente brinca, né?
Muitas vezes eu uso o termo, assim, nossa, a gente quer pastelaria, né? A gente ouve muito aqui dentro, porque todo mundo vem com a prioridade, muda a prioridade, mas isso é varejo, né? O varejo é isso, é muito dinâmico, é muito corrido, a prioridade, de fato, muda, muda muito rápido. Isso é fato. E a gente precisa estar preparado, a gente para conseguir entrar em acordo ali com o cliente, e o nosso cliente interno, né?
Nosso usuário, seja de que área for, precisam também estar nessa conexão. E eu acho que cada vez mais, né? Que o time de tecnologia entender o negócio, ir na ponta, visitar a loja, visitar a CD, fazer ali a experiência do cliente, de fato, né? Fazer uma compra lá na loja.
Muitas vezes eu converso com pessoas que nunca de vez se visitaram uma loja, né? Não só da gente aqui, mas de concorrentes, amigos que atendem tecnologia. Nossa, eu nunca fui na loja, eu não fiz esse passo. Visitar os concorrentes, né? Para entender, opa, o que que tem de legal, vamos fazer essa experiência aqui para ver se tem de legal. Quantas vezes eu fui em outra loja para saber, eu lembro que é muito tempo atrás quando surgiu o Retire em Loja.
Acho que a primeira loja que surgiu isso foi o Magazine Luiza, em Franca. Eu viajei para Franca, comprar um item, um secador de cabelo, né? Não faça conta, não faça conta, para você ver a minha idade. E aí, fui lá e a gente comprou um secador de cabelo para saber como é que era esse Retire em Loja para a gente fazer esse processo dentro dos Los Americanos.
Fui na casa de Bahia também. Poxa, por quê? Você se conecta ali, você entende qual é a tua necessidade. Você como cliente, você começa a olhar ali, opa, poderia fazer isso melhor. Eles não estão fazendo isso, aquilo. E aí, você traz a prenda de casa e implantar uma solução, né? Você trazer soluções que transformam. E mais, hoje o mercado, as pessoas são muito criativas, né?
A gente tem muitos startups, tem muita solução no mercado. E como eu falei antes, a gente precisa trazer soluções que são adequadas à estratégia da companhia. Então, precisa estar sim conectada à estratégia da companhia nos próximos anos, como é que vai ser a expansão, quais são os principais serviços que cada área de negócio quer disponibilizar, de fato, para conseguir olhar para o mercado e falar, opa, essa tecnologia aqui é interessante, essa tecnologia, sim, se adequa ao momento que eu estou agora.
Porque tecnologias a gente tem várias, gente. Várias e muito legais, transformadoras. Mas, serve para mim agora, é o momento que a empresa está, ou o momento que a empresa quer chegar, senão a gente vai fazer um investimento ali, porque tecnologia é um investimento, né? É um investimento para ter ganho financeiro, para ter ganho operacional.
E quando você aplica aquilo, opa, joguei o dinheiro fora. Porque ou não se conecta com nada que você tem, ou seja, daquela arquitetura que você tem de sistemas, ou não conecta com o teu negócio. Você não vai conseguir rentabilizar, ou você não vai conseguir um ganho operacional que você imaginou que tivesse. Então, eu acho que esse mexe de tecnologia com o negócio, cada vez mais próximo do negócio, traz esse ganho para as corporações.
E para entender o momento da empresa também, né? Porque tem muita coisa legal, mas não se aplica agora.
Exatamente.
Legal. Que é lá, como você disse, você tem uma experiência muito rica nas áreas de gestão de projetos e de processos. E eu não posso te deixar de comentar que você começou a carreira na área de prevenção de perdas. Que é uma área aqui que a gente tem um histórico muito grande dentro dessa área também.
Como é que essa formação contribuiu para a sua trajetória? E que valores da área de prevenção de perdas você acha que todo profissional do varejo deveria ter?
Um valor que eu acho que tem que ter, eu acho que é você, de fato, estar perto do negócio, estar próximo do negócio. Que quando eu trabalhei em prevenção de perdas, eu me conectava com muitas áreas gerantes da empresa. Então, tinha a área comercial, porque sim, prevenção de perdas você tem em todo lugar. Você tem o produto de stock, você tem os itens mais roubados, então você fala muito com o fornecedor, junto com o time comercial, você tem a questão financeira, do balanço da empresa e tudo mais.
Então, permitir essa conexão mesmo de diferentes áreas de negócio me permitiu ter também uma visão holística do todo, do processo da empresa, como é que funciona a empresa. Eu brinco, desmontar uma loja, uma base de expansão de loja, o que eu preciso para uma expansão de loja. Até mesmo o cadastro de mercadoria, que eu acho que é o principal coração do varejo ali, que são as mercadorias.
Quando eu brinco, quando a mercadoria nasce e morre, porque tem itens que deixam, são descontos de um lado de comprar e tudo mais. Então, todo esse processo de abastecimento, logística, eu acho que isso me ajudou muito ao longo da minha carreira, porque eu acho que estar em prevenção de perdas e conectada com várias áreas e conhecer muito bem o negócio me permitiu progredir dentro do varejo ali, entrando por outras áreas.
Então, acho que foi uma porta de entrada ampla e me deu bastante conhecimento, bastante bagagem do negócio em si, que eu acho de suma importância, principalmente para o varejo.
Legal. E, Keila, quais que são os principais desafios que você tem hoje com essa expansão da Oxxo? E no TI em si, os principais desafios é manter a padronização das lojas, enfim?
Manter a padronização, quando você está de TI, eu acho que não. Mas, assim, você ter uma estrutura padronizada, eu acho que talvez seja difícil. Vou te dar uma coisa que eu acho que é muita dor da gente, por exemplo, a parte de rede. Dependendo de onde você implanta uma loja, você conseguir uma conexão, por mais que a gente esteja no ano de 2023, você estabelecer uma conexão de Wi-Fi às vezes em determinados lugares ainda é crítico.
A gente considera básico. Você, ah, não, vou viver ali. A gente não vive mais sem Wi-Fi na vida, sem internet. Então, você conseguir às vezes, porque a loja precisa disso, precisa desse acesso, porque como você vai conectar a rede ali para você efetuar um pagamento, fazer as transações financeiras e tudo mais?
Hoje, eu acho que, principalmente, a parte da operação de loja é uma das principais dores. Você conseguir ali tanto uma rede básica, de banda larga básica, um backup, para mim, eu acho que esse é o maior desafio. De fato, você ter uma padronização. Quando você olha ali, poxa, é muito fácil.
De repente, você tem um fornecedor que te atende quando você pensa em uma expansão no Brasil. Porque, assim, eu já não passei expansão aqui. Eu passei, por exemplo, na época das lojas americanas, há um tempinho atrás, que ela teve aquele bônus que mais dobrou de loja. E no fator mais crítico que a gente tinha era conseguir fornecedores que atendessem a estruturação de mais forma, mais ampla possível, de forma nacional, porque a loja americana não é nacional.
Ela tem, tipo assim, fui em loja em Araguaína, cara, aqui não tem nem aeroporto. Mas é muito bacana isso. E você conseguir fornecedores que atendam a sua parte de infraestrutura mesmo de loja, de atender toda a parte de estruturação, de engenharia de loja, é muito difícil. E você manter a manutenção disso é pior ainda.
Ou seja, você ter fornecedor de engenharia, tal, de confiança, que você consiga isso. Então, de fato, a padronização de uma expansão, principalmente quando você começa a expandir fora de um estado, é que São Paulo já é capital praticamente do Brasil, quando a gente fala da parte financeira, de negócio. Mas quando você pega cidades muito menores que você quer expandir, de fato, o negócio se torna muito difícil.
Keila, a gente sabe que o varejo em si tem um perfil muito masculino, mais masculino do que feminino. A presença de homens ainda é muito maior. E a tecnologia não é diferente. Para você, como foi essa trajetória? Como é ser mulher nesse ambiente?
Olha, Fê, eu vou ser bem sincera que até há pouco tempo eu não pensava nisso. É engraçado. Porque quando eu comecei em prevenção de perdas, eu comecei como estagiária e eu era a única mulher do departamento. Só que quando você vai crescendo na sua carreira num determinado nível, você começa, óbvio, a ter uma posição mais política, principalmente como gerente e tudo mais.
E aí você começa, de fato, a olhar esses tramas. Mas quando eu, me dando de exemplo, contando um pouquinho para as outras mulheres tentando, de repente, inspirar, eu acho que é um ponto que eu nunca parei para pensar, literalmente. É engraçado isso. Se eu era a única mulher, se não era muito outra mulher.
Mas, de fato, é uma área difícil. Não vou falar que é fácil, porque não é. A gente vê ali. Outro dia eu fiz uma apresentação, eu fiz uma palestra aí e tinha mais de 20 homens e só tinham quatro mulheres apresentando. Independente da área, eram quatro mulheres apresentando. De fato, a gente tem isso dentro do mercado. Mas, assim, uma dica que eu dou para outras mulheres é que eu acho que, assim, pense muito mais no foco, de onde você quer chegar e tenta, ali, balizar quais são as ferramentas.
Porque, assim, quando a gente quer subir uma montanha, a gente precisa de todo um equipamento de segurança para a gente conseguir escalar essa montanha para a gente chegar no nosso objetivo. Então, a pergunta que eu acho que cada mulher tem que se fazer é quem são os recursos que podem te ajudar a chegar no topo? Então, assim, se você tem algum mentor, alguma pessoa que, de fato, você vislumbra que possa te ajudar.
O próprio time interno, acho que aqui a nossa diretora, Alessandra Orlando, ela faz um papel incrível, acho que, com a gente, disso. Ela fez, ano passado, até um evento chamado Café com a Lei, e fez a leitura de um livro que falava um pouco disso. É um livro sensacional, inclusive. Depois eu dou as dicas do livro que eu amei.
Acho que toda mulher que quer crescer na carreira precisa ler esse livro. Pode falar, pode dar a dica. O nome do livro é Como as Mulheres Chegam ao Topo. É sensacional. Acho que toda executiva precisa, de fato, ler esse livro, porque é maravilhoso. E ela tem vários passinhos ali que falam um pouquinho da nossa autossabotagem, porque é um pouco disso.
Então, acho que, em vez de a gente olhar para as pedras no caminho, vamos olhar ali para o que a gente consegue alavancar, quem são as parcerias. Acho que existem muitos grupos ali. E Mulheres Modeiras, de exemplo, a gente, quando pega ali dentro do varejo, a gente tem a própria Lúcia Leandro Trajano, que é do varejo, e ela é super protagonista, quando fala em toda essa parte de representatividade feminina, do próprio varejo.
Na minha carreira, eu uso um pouco disso. Eu tenho mentores que são pessoas que condizem muito ali com meus valores, que eu acho que isso é importante, a gente não tirar os nossos valores para a gente chegar no próximo passo. E tem apoio, seja dentro da empresa, que eu acho que aqui a gente tem bastante, seja na família, seja em profissionais que já passaram pela sua vida, para conseguir te dar uma base.Mas não é fácil. Sem dúvida, não é fácil, porque a gente tem uma trilha, não adianta esse histórico. Acho que a mulher demorou tanto a entrar no mercado de trabalho, como se diz historicamente, que, óbvio, que a gente hoje tem mais desafios do que os homens. Isso é fato. Agora, como a gente trilhar é como os homens ajudam a gente também nessa trilha, porque eles são muito mais experientes que a gente. Eu acho que é um pouquinho disso.
Sim, super. Já fica a dica aí, quem não ouviu o episódio 100 com a Luiza Helena Trajano, volta lá para ouvir, volta aí no feed, ouve que vale a pena.
Super. Ouvi mais de 3 vezes. sensacional.
Boa. Para a gente encerrar aqui o nosso bate-papo, a gente tem uma última perguntinha, que é a tradição aqui no PDV, que é o que o varejo ensinou a Keyla Pereira?
Nossa, que pergunta difícil. Ensinou tantas coisas nesses longos anos de varejo, mas eu queria dar três coisas aqui que eu acho que foram aprendizadas e servem para tudo. Eu acho que a primeira coisa é o fator humano, você se conectar, de fato, com as pessoas. Quando eu falo humano, são as pessoas, de fato.
Não adianta a gente, por exemplo, a gente está falando muito hoje de tecnologia, de inteligência artificial, mas sem o fator de gente, de nós, humanos, de pessoas, a gente não consegue conectar nada, nem chegar no outro lado. Também brinca que uma andorinha só não faz verão. Se você não tiver um time estruturado, conectado com o propósito, conectado com a sua missão, você não chega ali para fazer esses principais entregáveis para você, de fato, conseguir o resultado que a companhia espera em conjunto.
O segundo ponto, eu vou falar um pouquinho, todo mundo vai falar que é um pouco clichê, que é fazer o básico bem feito. Quando você fala fazer o básico bem feito, eu acho que o básico é fazer o simples que todo mundo está fazendo. Não é muito isso. O básico é basicamente um alicerce do todo. Eu lembro que no início do ano eu ouvi até o Rony da reserva falar sobre a Louis Vuitton que estava fazendo uma nova linha com uma artista japonesa, se não me engano o nome dela, Kusama, que é super famosa, das bolinhas e tudo mais.
E ele falou assim, isso é fazer o básico bem feito. Simplesmente, a Louis Vuitton montou toda a estrutura da frente da loja cheia da marca da artista, que são as bolinhas, a vitrine de fato tinha a artista e quando você entrava e fazia a experiência do cliente pela tua loja, pela loja do Louis Vuitton, quando você entrava, você de fato conectava todo o caminho de onde estava a exposição da artista, das bolsas, principais bolsas e tudo mais, da artista.
E ele falou assim, isso é o básico bem feito. Você conectou a tua propaganda, o teu marketing, você conectou o teu cliente de longe, ou seja, de longe você via o prédio, chegava ali, tinha a vitrine, quando você entrava na loja você fazia toda aquela aproximação e fechava, não deixava de ser o básico. Não fez nada de mais, a não ser expor ali da coleção que eles estavam falando.
E muitas vezes você chega em uma loja, ah, quero um item, ele tem um item que você não encontra. Você entra na loja, você anda, anda e não encontra. E eu achei essa conexão perfeita, de fato, isso ali é o básico, é simples, que todo mundo acha que é tão simples que muitas pessoas acabam não fazendo, muitas marcas acabam não fazendo.
Então achei o exemplo dele bacana. E o último ponto é o fator de curiosidade. Curiosidade – criatividade. Eu acho que assim, a curiosidade leva um pouquinho a criatividade. Quando você é curioso, você quer aprender coisas novas, você quer entender coisas novas, você acaba sendo criativo para trazer soluções diferentes, para fazer conexões com o negócio, para trazer melhorias para o negócio.
E eu acho que o varejo, como é muito dinâmico, muito rápido, ele precisa cada vez mais de ter pessoas, óbvio, que amem o varejo, que brilham os olhos com o varejo, de fato, e que tragam essas conexões, essas melhorias, essa conexão com o cliente, essa curiosidade de saber mais, e conseguir implantar ali para conseguir trazer mais produtos, serviços para o nosso cliente final.
Pô Keila, super obrigado. Foi bem legal. Várias informações, conteúdo superlegal e de uma área que tem tido impacto, na verdade, no varejo como um todo, na expansão do varejo, no negócio em si do varejo, superimportante, cada vez mais relevante. Super obrigado por compartilhar toda a sua experiência.
Eu que agradeço a oportunidade de compartilhar um pouquinho da experiência.
Obrigada, Keila. Parabéns pela sua trajetória, viu?
O PDV é um podcast para te deixar por dentro do varejo e na trilha da tecnologia. O patrocínio é da Inwave. A produção é da Fernanda Vasconcelos e o apoio técnico da soupods. Segue a gente para não perder os próximos episódios. É isso aí.
Valeu!